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Os solos de cerrado se caracterizam pelo acentuado grau de intemperismo e pela sua acidez. O fato de o relevo do Cerrado ser antigo significa que os seus solos foram bastante trabalhados pelos agentes intempéricos (clima, água, vento). Esse processo de intemperismo ocorreu por meio da lixiviação, o que diminuiu, em elevado grau, a sua fertilidade ao longo do tempo. 
A maioria dos solos desta região constitui-se de Latossolos altamente intemperizados e Argissolos, com sérias limitações à produção de alimentos, no que diz respeito à baixa fertilidade natural do solo. São solos ácidos que apresentam baixa disponibilidade de nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), zinco (Zn), boro (B) e cobre (Cu). Possuem ainda alta saturação por alumínio (m%) bem como alta capacidade de fixação de fósforo (Lopes, 1994). 


Além dessas características, os principais aspectos dos solos do Cerrado são a sua elevada profundidade e porosidade, o que permite uma maior infiltração da água, embora o escoamento superficial também seja elevado em tempos de chuva. A ausência de fertilidade dos solos do Cerrado foi resolvida na agricultura por intermédio da aplicação de técnicas específicas, como a calagem (correção da acidez por meio do calcário), a adubação fosfatada, a adubação potássica e outras. 
A paisagem predominante no Planalto Central é de chapadas com vegetação arbustiva dos Cerrados, ocorrendo também algumas áreas de campos e mesmo algumas florestas. 
A maioria dos solos da região dos Cerrados são os Latossolos, cobrindo 46% da área. Os Latossolos sob vegetação de cerrado são ácidos e pobres em nutrientes. Essa acidez (relacionada ao alumínio tóxico) e a escassez de nutrientes estão entre as principais causas do aparecimento do cerrado como vegetação natural, em vez de floresta (Lepsch, 2011). 
Embora haja baixa fertilidade natural, boa parte dos solos dessas áreas podem ser utilizadas para a agricultura intensiva, desde que se faça a neutralização da acidez, prejudicial às plantas cultivadas, com a aplicação de calcário e a adição de quantidades adequadas de nutrientes, e a aplicação de fertilizantes, especialmente os fosfatados. 



Latossolos 

Solos de intemperização intensa chamados popularmente de solos velhos, sendo definidos pelo SiBCS (Embrapa, 2006) pela presença de horizonte diagnóstico latossólico e características gerais como: argilas com predominância de óxidos de ferro, alumínio, silício e titânio, argilas de baixa atividade (baixa CTC), fortemente ácidos e baixa saturação de bases. 
Apresenta normalmente baixa fertilidade, exceto quando originados de rochas mais ricas em minerais essenciais às plantas, acidez e teor de alumínio elevados. Possuem boas condições físicas para o uso agrícola, associadas a uma boa permeabilidade por serem solos bem estruturados e muito porosos. O manejo dos Latossolos requer, de um modo geral, a adoção de correção de acidez, adubação e, nos climas mais secos, de irrigação em função da exigência da cultura. 

Fonte: Acervo da Embrapa Solos.



Argissolos 

Os Argissolos compõem 26,84% dos solos brasileiros, o segundo maior tipo de solo atrás apenas dos Latossolos. Sua principal característica é o gradiente textural e a nítida separação entre horizontes quanto à cor, estrutura e textura. São muito susceptíveis a erosão quando o gradiente textural é acentuado (textura arenosa/média), principalmente quando há presença de cascalhos e relevo com fortes declives (caso onde indica-se apenas para uso em pastagem, reflorestamento ou área de preservação) já que sua fertilidade química é predominantemente baixa. Quando na forma de textura média/argilosa e argilosa são indicados à exploração agrícolas pois possuem elevada capacidade de água disponível e boa reserva de minerais. Assim como os latossolos apresentam grande acidez, mas se diferem por apresentar teores de Fe2O3. 
Devido à grande diversidade de características que interferem no uso agrícola, além da ocorrência nos mais variados relevos, é difícil generalizar, para a classe como um todo, suas qualidades e limitações ao uso agrícola. De uma maneira geral, pode-se dizer que os Argissolos são muito suscetíveis à erosão, sobretudo quando o gradiente textural é mais acentuado e sob relevo mais movimentado com fortes declives. Nesse caso, não são recomendáveis para agricultura, prestando-se para pastagem e reflorestamento ou preservação da flora e fauna (Santos et al., 2016). Quando localizados em áreas de relevo plano e suavemente ondulado, esses solos podem ser usados para diversas culturas, desde que sejam feitas correções da acidez e adubação, principalmente quando se tratar de solos distróficos ou álicos. 
No estado de Mato Grosso, distribuem-se numa extensão aproximada de 208.000 km2, predominantemente no norte do estado, desde Aripuanã e Juína, onde ocorrem em maior área, até Santa Teresinha a leste. Ocorrem também na região de Água Boa, Campinápolis e Paranatinga, estendendo-se para sudoeste, na região da Baixada Cuiabana, até Cáceres e, para o sul, na área do Pantanal. Surgem ainda na região das nascentes do Rio Paraguai, nas bordas do Planalto dos Parecis, além do extremo sudoeste, entre Vila Bela da Santíssima Trindade e Cáceres (Santos et al., 2016). 

Fonte: Acervo da Embrapa Solos.



Neossolos 

Solos constituídos por material mineral pouco espesso, com insuficiência de manifestação dos atributos diagnósticos que caracterizam os diversos processos de formação dos solos, seja em razão de maior resistência do material de origem ou dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo) que podem impedir ou limitar a evolução dos solos. 
Os Neossolos podem apresentar alta (eutróficos) ou baixa (distróficos) saturação por bases, acidez e altos teores de alumínio e de sódio. Variam de solos rasos até profundos e de baixa a alta permeabilidade (Santos & Zaroni, 2016). 

Foto: Tony Jarbas F. Cunha ,2010



Plintossolos 

O Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos define esta classe de solos como solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte plíntico, litoplíntico ou concrecionário, todos provenientes da segregação localizada de ferro, que atua como agente de cimentação. São fortemente ácidos, podem apresentar saturação por bases baixa (distróficos) ou alta (eutróficos), predominando os de baixa saturação. Verificam-se também solos com propriedades solódica e sódica (Embrapa, 2013). 
Por serem formados normalmente sob condições de restrição à percolação da água ou sujeitos ao efeito temporário de excesso de umidade, podem ser imperfeitamente ou mal drenados. Parte dos solos desta classe (solos com horizonte plíntico) tem ocorrência relacionada a terrenos de várzeas, áreas com relevo plano ou suavemente ondulado e, menos frequentemente, ondulado, em zonas geomórficas de baixada. Ocorrem também em terços inferiores de encostas ou áreas de surgentes, sob condicionamento quer de oscilação do lençol freático, quer de alagamento ou encharcamento periódico por efeito de restrição à percolação ou escoamento de água (Zaroni & Santos, 2016). 
Apresentam baixo potencial agrícola, relacionado principalmente em relevo plano ou suave ondulado, podendo ser utilizado com o cultivo de arroz irrigado. Os concrecionários podem ser utilizados para produção de material para construção da base de estradas (Embrapa, 2016). 
As principais limitações desta classe de solo para o uso agrícola estão relacionadas à baixa fertilidade natural, acidez elevada e com limitações de drenagem (Zaroni & Santos, 2016). Além de cuidados com a drenagem, o manejo adequado dos Plintossolos implica na adoção de correção da acidez e dos teores nocivos de alumínio à maioria das plantas e de adubação de acordo com a necessidade da cultura (Embrapa, 2016). 

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 

Malavolta, E. Manual Nutrição Mineral de Plantas. Piracicaba, Agronômica Ceres, 2006. 
Lopes, A.S.; Guidolin, J.A. Interpretação de análise de solo: conceitos e aplicações. São Paulo, ANDA, 1987. 
Lopes, A. S. e Guilherme, L. R. G. Vocação da terra. São Paulo, ANDA, 2001. 
Raij, B. van. Fertilidade do solo e manejo de nutrientes. Piracicaba, IPNI, 2011. 
Sousa, D.M.G de; Lobato, E. Cerrado: Correção do Solo e Adubação. EMBRAPA Cerrados, 2004. 
Sistemas de Produção 13 - Tecnologias de Produção de Soja Região Central do Brasil 2010 a 2011. Londrina: Embrapa Soja: Embrapa Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste. 
Tomé Jr., J. B. Manual para interpretação de análise de solo. Guaíba: Agropecuária, 1997. 
Zancanaro, L.; Kappes, C.; Valendorff, J. D. P. V.; Coradini, D.; David, M.A. Manejo do solo – adubação e nutrição da cultura da soja. Boletim de Pesquisa da Soja, 2015/2016.

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